Mais conhecida como tutano, a medula óssea é um tecido gelatinoso que se localiza dentro dos ossos chatos do organismo cuja função é produzir plaquetas, glóbulos vermelhos (hemácias) e glóbulos brancos (leucócitos). Esses possuem importantíssimos papéis no organismo, por isso é imprescindível sua existência em perfeitas condições.
A primeira tentativa de realização do transplante de medula óssea ocorreu em 1939 com o intuito de tratar um paciente com anemia aplástica induzida por sais de ouro, utilizando, com doador de medula óssea, um indivíduo ABO compatível. Este transplante não foi bem sucedido e após várias tentativas fracassadas, alguns pesquisadores deixaram de investir nesta área por certo tempo.
No final dos anos 60, o desenvolvimento da tipagem dos antígenos de histocompatibilidade ( HLA ) possibilitou uma compreensão mais apurada do processo imunológico dos transplantes.
Além disso, surgiram conhecimentos mais avançados sobre a proliferação das células tronco-hematopoéticas, aparecimento de novos antibióticos para o tratamento das infecções em paciente imunossuprimidos, possibilidade de alimentação parenteral prolongada e melhoras do suporte hemoterápico.
No início dos anos 70, este tipo de transplante deixa de se limitar às tentativas empíricas de tratamento para entrar em uma fase de grande desenvolvimento devido ao sucesso de algumas práticas realizadas na época. Dessa forma, nos anos seguintes, este procedimento terapêutico apresenta-se como uma primeira opção no tratamento em muitos pacientes.
No entanto outros problemas apareceram, causando grande morbidade e mortalidade nos indivíduos transplantados. Nos últimos 15 anos, milhares de transplantes de medula óssea foram realizados e a maior experiência se concentra nas leucemias linfoblásticas, mielóide aguda, mielóide crônica e anemia aplástica severa.
Os resultados do TMO nas leucemias resumem-se em: para a leucemia linfóide aguda a sobrevida é de 51% em primeira remissão e 40% em segunda remissão, com TMO alogênico. Na leucemia mielóide aguda os resultados dependem do estádio da doença. A sobrevida para a primeira remissão ( 56% ) e segunda remissão (38%) são animadores. O transplante alogênico é a terapêutica de escolha para pacientes jovens com anemia aplástica severa. A sobrevida é melhor para pacientes com menos de 16 anos ( 73% ) do que para pacientes com mais de 50 anos ( 50% ).
O autotransplante para a doença de Hodgkin é a terapêutica recomendada nos 20-30% dos pacientes que falham à quimioterapia convencional. Entre transplantes de medula para pacientes com tumores sólidos, o câncer de mama figura como principal indicação. A sobrevida global foi de 65% para mulheres com doença inicial.
Recentemente, uma nova modalidade de transplante vem ganhando espaço. Ainda de forma experimental, o uso de condicionamento com doses não-mieloblastivas e a imunomodulação pós-transplante, podem tornar os transplantes de medula óssea mais seguros e com melhores resultados.
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